APL 1628 Adro

Havia em certa aldeia uma rapariga muito afoita. Numa noite de esfolhada perguntaram-lhe se ela era capaz de ir ao adro da Igreja, e para desenganar os incrédulos, saiu da esfolhada e voltou tempo depois. Alguns dos incrédulos duvidavam ainda que ela houvesse cumprido lisamente a promessa. “Tanto fui que, por sinal, encontrei no adro este lençol.” Ao ver o lençol todo o mulherio começou a instar que tornasse ela ao adro restituir o lençol, que talvez pertencesse a algum defunto. A rapariga disse prontamente que tornava ao adro a pôr o lençol onde o achou e foi. Mas chegando ao adro viu uns poucos de defuntos a passear ali, e um deles disse-lhe: “Ah, é o meu lençol.” E tomou-o das mãos da rapariga. A animosa moça não durou três dias.

Source
SARMENTO, Francisco Martins Antígua, Tradições e Contos Populares Guimaraes, Sociedade Martins Sarmento, 1998 , p.118
Place of collection
GUIMARÃES, BRAGA
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography