APL 2023 A menina da discoteca

Recordo-me que aqui há uns quantos anos uma rapariga que morava (que o pai tem um restaurante em Albufeira) e ela foi (ele tem uma filha) para a discoteca com o namorado, de mota. E à volta para casa tiveram um acidente. Ela morreu (morte instantânea), ele foi para o hospital muito mal. E ela mais tarde diz que voltou, a um centro espírita, o espírito dela voltou. E diz que falou que corpo dela tinha sido, tinha ficado todo esmagado atingido por um camião. Tinha ficado muito mal e chorava que era uma menina nova e que tinha ido prestar contas. Tinha já desaparecido deste mundo. E onde é que o tinha deixado tanta saudade.
E então diz que passava os autocarros na estrada e diz que viam uma rapariga a pedir boleia e […] diz que eles paravam e levavam-na. E ela diz que quando chegava à curva onde é que ela tinha morrido diz que dizia:
- Aí foi aqui que eu morri.
E desaparecia. Não conseguia passar daquele sítio para seguir viagem.
Uma vez iam umas senhoras também num carro, num automóvel, e viram aquela rapariga a pedir boleia. E diz que lhe deram boleia. E ela diz que ia no banco de trás e chegou àquela curva, aquele sítio onde é que ela tinha tido o acidente, ela diz que disse:
 - Aí foi aqui que eu morri.
E diz que desapareceu. Diz que as senhoras ficaram todas cheias de medo. O que foi isto, o que foi isto? E ninguém sabia explicar. E isto foi-se passando com muita gente que leva a compreender que ela queria seguir na estrada mas não podia. Porque chegava àquele sítio ali onde tinha tido o acidente e não conseguia passar para o outro lado.
Ora isto, são pessoas: o pai, eu não tenho bem recordação do pai, e os avós, os pais do pai, conheci muito bem. E um dia falei com a avó sobre este caso (com a avó da miúda). E você acredita? E ela disse: acredito porque ela já falou. E a minha filha já falou com ela. A filha dessa avó que era tia dela. Que era irmã do pai dela. E ela disse: Já falei com o meu filho sobre isso. Ficaram muito amedrontados e com razão porque ela não tinha seguido para Deus. Ninguém sabe qual era o motivo para andar cá assim. Agora é verdade é mentira só a Deus pertence saber.

Source
AA. VV., - Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas) Faro, n/a,
Year
2005
Place of collection
Portimão, PORTIMÃO, FARO
Collector
Cátia Romão (F)
Informant
Maria Esmeraldina Pacheco dos Reis (F), 62 y.o., born at Silves (SILVES),
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography