APL 2129 A lenda da luz da Caniçeira
Era uma família composta por duas irmãs e um pai e a mãe já havia morrido há muito tempo.
Era uma família rica com muitas posses, e um dia, o pai estando já muito doente, chamou a casa um senhor responsável, um notário (ou não sei como é que se chamava naquele tempo) para fazer o dito testamento.
Fazendo o testamento deixou metade das terras, uma foi para uma filha, outra foi para a outra.
Passado tempo o pai veio a falecer.
Falecendo o pai, as filhas ficaram, com ambas as partes da quinta. E o que é que aconteceu?
Uma das filhas era invejosa em relação à outra e cobiçava a parte da terra que pertencia á irmã. A irmã um dia estando a trabalhar a cozer o pão, como era uma pessoa, uma senhora que trabalhava muito, enquanto a outra não fazia quase nada, estando a cozer o pão (naqueles fornos antigos de lenha e pequeninos) ‘tava a cozer o pão, veio a irmã por trás com um pau e deu-lhe com o pau. Dando com o pau a irmã desmaiou e ela pega na irmã e atira-a para dentro do forno. Atira-a para dentro do forno, a irmã morre.
E ela ficando muito contente porque já tinha a parte que pertencia á irmã, já lhe também pertencia a ela, voltou para casa a ao voltar-se de costas ao forno ouviu um barulho muito estranho, e olhando para dentro do forno, viu sair de lá uma luz que, ela ao fitar a luz, a luz acabou por a matar.
A luz matou-a e até hoje, dizem os antigos que essa luz é a alma da irmã morta que continua a vaguear sob as terras, guardar aquilo que lhe pertencia.
(E até há relatos muito engraçados, muitas pessoas quando vêm aí dos montes, vêm de noite ou vão á caça ou á pesca, têm como companhia essa luz, a luz da Caniceira. É uma luz que não faz mal a ninguém, segundo relatos dos meus avós e pessoas de já uma certa idade contavam, é uma luz que não faz mal a ninguém. E é assim a lenda da luz da Caniceira!)
- Source
- AA. VV., - Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas) Faro, n/a,
- Year
- 1998
- Place of collection
- Grândola, GRÂNDOLA, SETÚBAL
- Collector
- Elsa Baptista (F)
- Informant
- Filipe Raivel (M), 20 y.o., Grândola (GRÂNDOLA),