APL 3594 Lenda do Cabeço dos Mouros
No tempo em que os mouros viviam na Península, diz-se que se instalaram no cimo de uma montanha no termo das Arcas, concelho de Macedo de Cavaleiros, que passou a chamar-se “Cabeço dos Mouros”.
Como no sopé desta montanha passa um rio, os mouros, para conseguirem uma melhor estratégia militar, trataram de dividir o seu curso, de maneira que o rio ficasse a passar metade de um lado da montanha e metade do outro. E assim ficaram mais isolados e protegidos. É essa a explicação que a tradição dá para um extenso fosso, com cerca de trinta metros de profundidade, que ainda hoje se pode ver no local.
Diz também o povo que, quando os mouros foram expulsos, ficou no cabeço uma princesa encantada de rara beleza, que costuma estar a tecer num tear de ouro. Esta princesa apareceu numa noite de S. João, em forma de serpente, a um moleiro das Arcas, ao qual pediu um beijo a fim de tentar libertar-se do encantamento que ali a aprisionava. Só que o moleiro assustou-se ao aproximar-se dele tão repugnante animal e fugiu. E ela exclamou:
— Ah, cão, que me dobraste o encanto!
- Source
- PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros Vila Nova de Gaia, Gailivro, 2006 , p.253
- Year
- 1999
- Place of collection
- Arcas, MACEDO DE CAVALEIROS, BRAGANÇA
- Informant
- Mabilde da Conceição Afonso (F), 47 y.o.,