APL 1756 “Conto das Bruxas”

“eram duma bêz seti quemadris e duma bêz djuntaram-se todez im caza da quemadri que staba casada e tinha o homi; depoiz dejiam todez:
“ó que madri, djá se deitou o compadri?”
“djá stá a drumire” – respondia ela;
De ponto ajuntaram-se todez ao lumi: uma pegaba na pela, outra pertia a tchórisa, steberam a fritar tudo e depois adesaram um púcaro de binho;pejaram tudo à roda do lumi e foram-se imbora.
Bai lá mulheri do homi à cama e dije: “ê te benzo, mê bênzelhão, ca fralda do mê cu, incanto ê num biêr, no acordis tu”.
Mas eli num staba a dremire, staba acordado. Alebantou-se, quemeu a tchórisa toda, bueu o binho que staba quentinho e doci e mudou o ólio de s’untarem elas, pró púcaro do binho.
A pontos era uma hora, elas intraram para dentro e foram pró lumi. Dejia uma: “ó quemadre, o compadre inda stá a dremir?” – “stá,stá” – respondia a outra.
Bão a buer o binho e quemesa a dar o sono. Quemesaram então, umas p’rás outras: “olha, djá stá c’u sono”.
Alebanta-se o home da cama, quemesa à tanganhada com um pau e dije: “Ah sos Diabos, qu’andam a fajer a uma hora destas?”
Elas fujiram e o home ficou c’o a tchourisa e c’o púcaro de binho na barriga”.

Source
AA. VV., - Inquérito Boléu (recolhas inéditas) Coimbra, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, , p.“Histórias de encantos e de Bruxas”, p. 139-140
Year
1973
Place of collection
Vale De Espinho, SABUGAL, GUARDA
Collector
Maria Luísa Nabinho Henriques (F)
Informant
Isabel Pires Lenceirinha (F), Vale De Espinho (SABUGAL),
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography