APL 1898 As Feiticeiras na Adega
Havia um homem, que tinha uma adega de vinho e, òdepois, era roubado e constava que iam lá as feiticeiras roubar a adega! Entravam pelo buraco da chave e saíam! As feiticeiras entravam pelo buraco da chave e pronto! saíam outra vez e ninguém as incomodava. E, por sua vez, levavam com elas um homem, que era compadre do patrão da adega, e chegavam lá e começavam a encher odres de vinho e carregaram um galo com dois odres cheios de vinho e tiraram-no com elas [...] e, ao mesmo tempo, diz o homem que foi com elas:
— Jesus! Homem de Jesus!
— Ai! Falaste no Jesus! Ficas aí dentro!
(As feiticeiras, a Jesus, chamavam-lhe Ferruz, falando propriamente da religião).
Bom... O homem estava a cavalo numa pipa e assim ficou lá dentro! Saíram para fora, elas todas e mais o galo, carregado com os odres de vinho.
Bem... Ficou a porta fechada, não pôde sair! Só saíram elas e o vinho que elas levavam.
Bem... O outro dia, vai lá o patrão da adega buscar vinho para ele e encontrou lá o homem a cavalo numa pipa.
— Ah! Compadre, você é que me rouba a minha adega!
— Ai! Não fui eu! Foram as feiticeiras! Tinham o galo carregado e levaram-no cheio de vinho! Mas não fui eu!
— Ah! Já estou a ver que é você, que me rouba a minha adega!
E diz ele:
— Foram as feiticeiras que aqui me trouxeram!
Bem, botou a culpa ao compadre!
- Source
- SOROMENHO, Alda e Paulo Contos Populares Portugueses (Inéditos) I Volume Lisbon, Centro de Estudos Geográficos / INIC, 1984 , p.491-492
- Year
- 1975
- Place of collection
- Germil, PONTE DA BARCA, VIANA DO CASTELO
- Informant
- Simplício Real (M), 77 y.o., Germil (PONTE DA BARCA),