APL 997 As bruxas da Ribeira do Medo
Era uma vez um rapaz que, na escuridão da noite, ao atravessar uma ribeira, conhecida na aldeia como a Ribeira do Medo, escutou um barulho. Ficou muito assustado. Mas como era curioso, resolveu ver o que se passava. Trepou a um salgueiro e escondeu-se entre os ramos.
Alguns instantes depois, viu dez bruxas que riam à gargalhada. Como não sabia o que se passava, deixou-se ficar para ver se descobria o que ali se passava. Daí a pouco, ouviu-as dizer que uma delas tinha feito uma bruxaria à menina mais formosa da aldeia.
Esta menina era uma moça muito bela de quem o rapaz gostava. A bruxa tinha colocado um sapo com um alfinete espetado na cabeça e no peito à cabeceira da cama e a pobre moça começaria a sentir o sofrimento do animal.
O rapaz desceu rapidamente do salgueiro e foi avisar os pais da menina.
Procuraram o sapo no quarto onde dormia e lá estava. No entanto, quem lhe tirasse os alfinetes, sofreria também os efeitos da bruxaria. O pai da menina fez vir ali a bruxa, que era uma vizinha, e obrigou-a a tirar os alfinetes. Mal os tirou, ouviu-se um grande estrondo e a bruxa rebentou. As outras bruxas, com o medo, fugiram da aldeia e nunca mais ninguém as viu.
Como o rapaz tinha salvo a menina, foi-lhe dada pelos pais a sua mão em casamento.
- Source
- AA. VV., - Literatura Portuguesa de Tradição Oral s/l, Projecto Vercial - Univ. Trás -os-Montes e Alto Douro, 2003 , p.B10
- Year
- 2000
- Place of collection
- CHAVES, VILA REAL
- Collector
- Sandra Ferreira (F)
- Informant
- Alice Ferreira (F),