APL 755 A eira onde as bruxas se vão esfregar

Sempre ouvi dizer aos mais antigos que na Eira do Monte, que pertence a Paradela mas fica entre dois caminhos, ali à saída de Sendim, é onde as bruxas se vão esfregar.
 Uma ocasião, um homem disse assim p’ra outro, amigo dele:
 — Olha que a tua mulher também é bruxa!
 E ele:
 — Ai não, não é! Da minha mulher não se consta isso!
 Mas, pelo sim pelo não, a partir daí o homem pôs-se mais atento aos hábitos dela. E nunca certa noite, ficou acordado, mas fazendo que dormia, e ouviu-a levantar-se da cama e dizer:

- Eu te benzo, belbezu,
Com as fraldas do meu cu.
Enquanto eu não vier,
Não acordes tu!
 
 Ela então lá foi à vida dela, juntar-se com as outras e esfregar-se na tal laje. Quando veio, o homem estava à espera e viu que trazia o rabo todo queimado de tanto se esfregar.
 P’ró outro dia, ao encontrar o amigo, diz-lhe então:

—Agora sim, já estou fiado,
Que ela traz o cu todo queimado.

Source
PARAFITA, Alexandre Património Imaterial do Douro - Narrações Orais (contos, lendas, mitos) Vol. 1 Peso da Régua, Fundação Museu do Douro, 2007 , p.157
Year
2007
Place of collection
Sendim, TABUAÇO, VISEU
Collector
Alexandre Parafita (M)
Informant
Maria da Piedade (F), 82 y.o., Sendim (TABUAÇO), born at Paradela (TABUAÇO),
Narrative
When
2007
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography