APL 2949 Armadilhas para Bruxas (2)

Em tempos, veio do Carril morar para o Carvalhal, uma rapariga e os seus filhos. Sem razão aparente, as crianças choravam muito durante a noite. A mãe lastimava-se às vizinhas, mas o problema continuava. Ás tantas, alguém se lembrou: aquilo era coisa de bruxedo. E para confirmar, disseram à mulher:
— À noite, quando te fores deitar, pões atrás da porta um prato com trigo, as bruxas ao entrarem derrubam o prato e depois têm que apanhar o trigo antes de saírem e então vocês apanham-nas.
A mãe assim fez. Foi-se deitar e o prato do trigo lá ficou atrás da porta, esperando as bruxas. E o previsto aconteceu: ao entrarem, as bruxas derrubaram o trigo e então tiveram que apanhá-lo. Demoraram muito tempo, porque o trigo era muito miudinho e de manhã, quando a mulher se levantou ainda as bruxas lá andavam, apanhando, um a um, os bagos de trigo. Ela conheceu-as, mas nunca o revelou a ninguém, pois as bruxas ameaçaram-na dizendo:
— Se nos descobres, matamos-te!

Source
JANA, Isilda Histórias à Lareira , Palha de Abrantes, 1997 , p.30
Year
1992
Place of collection
Carvalhal, ABRANTES, SANTARÉM
Collector
Sónia Lourenço (F)
Informant
Ricardina Frade (F),
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography