APL 33 A vingança das bruxas de vila pouca
Em Eira Queimada havia um homem que era muito maroto em solteiro.
Vinham aqui à missa raparigas de Vila Pouca de Salzedas e constava que duas delas eram bruxas.
Diziam que as bruxas que estivessem numa capela não conseguiam sair se estivesse um alho metido na fechadura. Ele, malandro, foi lá meter um alho “ingro” e chamou os outros rapazes para verem a brincadeira. A missa acabou, todos foram embora, menos duas raparigas, que ficaram ajoelhadas sem poderem sair, porque eram realmente bruxas. A certa altura, um dos rapazes, mais calado, foi lá, tirou o alho e elas puderam então sair da capela.
O brincalhão, à noite, teve troco. As bruxas puseram-no todo nu, fizeram dele gato sapato, a ponto de o deixarem com o corpo cheio de negras e até lhe saiu a unha grande do pé.
Queriam atirar com ele da varanda da casa, mas uma delas achou melhor pendurarem-no de cabeça para baixo. Toda a gente na aldeia soube disto porque tiveram que o ir tirar daquela posição.
- Source
- CAMPOS, Beatriz C. D. Tarouca, Folclore e Linguística , Câmara Municipal de Tarouca / Escola Preparatória de Tarouca, 1985 , p.28-29
- Place of collection
- TAROUCA, VISEU
- Informant
- Deolinda de Jesus Santos (F), Ucanha (TAROUCA),