APL 1948 História de uma menina que morreu embruxada

Mataram uma sobrinha minha, elas. (...) É uma lenda. (...) E foi bolos. Ela era muito bonita, muito viva, parece que a estou a ver, sentada no muro do tanque, e elas... eram raparigas novas, quase da mesma idade vieram com um lanche para elas comerem todas. Dalí em diante a rapariga começou a adoecer, a adoecer... (...) Depois elas foram tratar da miúda... anos, a miúda já morreu com dezanove anos. (...) Mas foram a uma senhora e a senhora disse que não valia a pena que o mal dela foi dado num pombo, e fossem abrir aquele pombo, se ele ao fim de um quarto de hora estivesse a cheirar mal, ainda talvez houvesse possibilidade de a tratar. Mas se ele deixasse de cheirar mal, ela morria pouco tempo depois. E assim foi: elas ainda puseram o pombo, na testa da rapariga, parece que estou a vê-lo... (...) abriram o pombo e puseram-no aqui [exemplifica fazendo o gesto sobre a testa] Ele nunca cheirou mal! Dali a três dias morreu. Estava ela à morte. A casa era tanta gente, tanta gente! E então elas queriam ir ao enterro, mas estava lá um trabalhador e disse. “Olha que vocês não vão ao funeral nem vão lá saber de nada, porque se vocês lá forem, o que for ao funeral, sai de lá morto!” [Estava tudo alterado, não é, tudo alterado.]

Source
SILVA, Margarida Moreira da É por aí voz constante... e o povo sabe quando diz... , Museu Municipal de Loures, 2007 , p.62
Place of collection
LOURES, LISBOA
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography