APL 1089 O meu avô e a bruxa
Esta outra história dizem ter sido igualmente passada com o meu avô, mas ele jamais relevou o nome da mulher interveniente.
Durante o Verão, preferia o meu avô dormir no balcão da casa, uns dois metros acima do esterco que cobria a rua estreita. Essa preferência estava relacionada com o trabalho. Se dormisse num quarto interior, quando acordava já a manhã ia alta.
Dormindo aqui, antes de ela raiar levantar-se-ia e ia à vida.
Certa noite, quando estava neste seu posto, ouviu uma bruxa falar. Ia na
direcção da Eira e reconheceu a mulher pela fala.
No outro dia, encontrou a mulher na rua e perguntou-lhe:
- Olha lá, na noite passada, para onde é que ias aquela hora? E a falar.
A mulher respondeu:
- Nós íamos dançar à eira, mas se me descobrires, eu mato-te, tão certo como eu e tu estarmos aqui.
O segredo morreu com o meu avô.
- Source
- HENRIQUES, Francisco Contos Populares e Lendas dos Cortelhões e dos Plingacheiros , Associação de Estudos do Alto Tejo, 2001 , p.110
- Year
- 1984
- Place of collection
- PROENÇA-A-NOVA, CASTELO BRANCO
- Collector
- Francisco Henriques (M)
- Informant
- José Henriques (M), PROENÇA-A-NOVA (CASTELO BRANCO),