APL 972 O lobisomem que comeu o filho

Um homem, casado e pai de um miúdo, era lobisomem. Um dia foi para o campo trabalhar e levou o filho. Chegou a hora de ir fazer a ronda e disse ao filho que ficasse junto do carro de bois e não tivesse medo.
Dizem que, quando os lobisomens vão na corrida, não fazem mal, mas, se andam à busca, têm que comer sete corações vivos e serve-lhes qualquer animal que encontrarem, mesmo que seja um insecto.
O homem, enquanto andava à busca, encontrou o filho e, sem saber quem era, comeu-o. Os bois apareceram em casa sozinhos, já ele lá estava. Foi então que desconfiou que tivesse feito alguma coisa errada. E começou a sentir-se mal.
A mulher, quando o viu assim, perguntou-lhe:
− Ó homem, porque é que não comes?
− Estou enojado, não me sinto bem.
A mulher olhou bem para ele e notou-lhe uns farrapinhos da roupa do filho nos dentes. Ficou com uma grande paixão e mandou-o olhar-se ao espelho para ver o que tinha nos dentes.
O homem então deu conta que eram farrapos da roupa do filho. As pernas ficaram-lhe a tremer e correu logo a uma pessoa para lhe acabar com o fado.

Source
AA. VV., - Literatura Portuguesa de Tradição Oral , Projecto Vercial - Univ. Trás -os-Montes e Alto Douro, 2003 , p.CF4
Year
2002
Place of collection
Fornelos, SANTA MARTA DE PENAGUIÃO, VILA REAL
Collector
Neuza Maria Sequeira Pereira (F)
Informant
Palmira Alves (F), 77 y.o.,
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications
Types
Christiansen [4005] The Werewolf Husband

Bibliography