APL 1721 O Lobisomem
Conta-se que, em Chão Grande, Campeã, havia uma família que tinha sete rapazes todos seguidos. Quando acontecia nascer sete rapazes, o sétimo debia ser chamado Adão. E se fossem raparigas, a sétima debia chamar-se Eba, para serem livres de serem bruxas ou lobisomens. Os pais puseram o nome de Gil ao último filho.
Quando cresceu e se fez homem, à meia-noite, fugiu da cama nu, transformava-se num cabalo e corria sete freguesias.
A família andaba aflita com esta tragédia, não sabiam o que fazer para lhe desfazer o encanto do filho.
Alguém lhes informou o seguinte:
- Logo que o rapaz saia de casa, acendei o forno de cozer o pão bem quente e toda a roupa e calçado, metei tudo no forno e queimai tudo. E isso bai resultar.
A família esquentou o forno em brasa e logo que o rapaz se lebantou e desapareceu, meteram toda a roupa dele e calçado, mexendo com um pau, chamado ranhão, para que a roupa queimasse depressa.
Qual não foi o espanto dos familiares? Ao terminar a queima da roupa, bateram à porta, foram ver e... quem era?
O Gil! Nu e já sem o fado de percorrer as sete freguesias.
Daí em diante ficou a biber a sua bida normal.
- Source
- AA. VV., - Literatura da tradição oral do concelho de Vila Real , UTAD / Centro de Estudos de Letras (Projecto: Estudos de Produção Literária Transmontano-duriense),
- Place of collection
- Campeã, VILA REAL, VILA REAL
- Informant
- Ana Maria Súcio (F), 61 y.o., Campeã (VILA REAL),