APL 849 O paneiro lobisomem

Diz-se que havia um vendedor de fazendas, que costumava ir às feiras de Proença-a-Nova, e que era lobisomem. Quando sentia a onda espojava-se nos encruzadoiros e, como lá havia muitos burros, era geralmente a forma de burro que tomava. Então andava por lá a vaguear toda a noite até que, quando via uma luz, era atraído por ela e para lá se dirigia. Uma noite, uma padeira tinha o forno aceso e estava a meter mais lenha empurrando-a com o forneão. O lobisomem aproximou-se dela, que nem se apercebeu e, ao recuar, deu-lhe uma pancada com o forneão e fê-lo sangrar. Nesse momento, quebrou-lhe a sina: de burro passou a ser novamente homem para sempre e, como estava nu, envergonhou-se da mulher e escondeu-se no escuro, pedindo-lhe que fosse chamar o marido. Ela assim fez. O ex-lobisomem contou-lhe a sua triste sina e pediu-lhe que fosse buscar o seu fato à tenda da feira. Depois de vestido, agradeceu à padeira o ter-lhe quebrado a sina e disse-lhe que, no dia seguinte, fosse à sua tenda escolher um corte da melhor fazenda que lá estivesse, para fazer um fato, que ele lho oferecia como recompensa.

Source
VILHENA, M. Assunção Gentes da Beira Baixa , Colibri, 1995 , p.107
Place of collection
Proença-A-Nova, PROENÇA-A-NOVA, CASTELO BRANCO
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography