APL 1724 História do lobisomem
Habia um senhor que era da Freguesia de Mouçós, que estaba apoderado lá do lobisomem, chamabam-no lobisomem.
Então, às quintas-feiras, tinha que correr sete encruzilhadas, sete cemitérios, sete não sei quê, não sei quê, não sei quê... bem.
Então, uma altura da noite, a gente sentiu um barulho muito grande, daba impresssão que lebaba uma chocalhada atrás dele e os cães a ladrar, a latir, uma gritaria muito grande e eu perguntei ó meu pai:
- Ó meu pai, que é?
- É aquele senhor da Lage, é lobisomem e tal.
- E que é isso, lobisomem?
- Não sei, é o diabo que anda com ele, não sei…
- E então não tem remédio? Por que é qu’ele não vai ao médico?
- Aquilo não é de médico.
Então, habia lá um vizinho meu, chamado o labariça, que era um belhote, usava ainda grevas e usava faixa, não é e diche assim:
- Eu vou tirar o demónio, vou arranjar uma aguilhada e vou picá-lo que aquilo passa-lhe logo.
Uma noite, era pr’ai duas horas da manhã, ah, era às quintas-feiras, ele passava com aquele barulho e ele pôs-se atrás da parede e picou-o e o homem deu um salto e ficou normal e disse:
- Que é que foi? Que é que se passou?
E curou. Nunca mais tebe nada!
Aconteceu no lugar da Raia.
- Source
- AA. VV., - Literatura da tradição oral do concelho de Vila Real , UTAD / Centro de Estudos de Letras (Projecto: Estudos de Produção Literária Transmontano-duriense),
- Place of collection
- Mateus, VILA REAL, VILA REAL
- Informant
- Domingos José Portelinha Gomes de Moura (M), 80 y.o., Mateus (VILA REAL),