APL 34 Ter um compadre lobisomem

Antigamente havia muita fome, O meu avô tinha um compadre que ia ao monte buscar lenha para vender em Lamego. Às vezes o meu avô ia com ele.
 Uma noite desemparelharam os cavalos e deitaram-se a descansar nas albardas. O compadre do meu avô, passado algum tempo, levantou-se e foi espolinhar-se no sítio onde se tinha espolinhado o cavalo e transformou-se também em cavalo.
 O meu avô ficou cheio de medo. Aquele “cavalo” fazia lume com as patas ao largar a correr à procura de sangue vivo.
 Quando chegou da “revoada”, espolinhou-se outra vez e ficou homem. Já no regresso, o meu avô disse:
 — Julguei que acompanhava um homem e acompanhei um cavalo!
 — Ah, ladrão, que dobraste o meu fado!
 O meu avô era um homem forte e ofereceu-se para lhe quebrar o fado com uma aguilhada. O compadre aceitou e pediu-lhe:
 — Pica-me onde quiseres, não me piques nos olhos.

Source
CAMPOS, Beatriz C. D. Tarouca, Folclore e Linguística , Câmara Municipal de Tarouca / Escola Preparatória de Tarouca, 1985 , p.29
Place of collection
TAROUCA, VISEU
Informant
Maria da Glória Gomes (F), TAROUCA (VISEU),
Narrative
When
20 Century, 80s
Belief
Convinced Belief
Classifications

Bibliography