APL 878 S. Bento da Porta Aberta

The saint disappears from the church in Cossourado, to be found on the top of a tree, days in a row. The puzzlled inhabitants decide to open a barred door in that enclosed area, and the saint stays put.  That is why it is called St. Benedict of the Open Door.

Os habitantes de Cossourado nem queriam acreditar no que viam! O Santo que haviam colocado na capela recentemente inaugurada, o Patriarca S. Bento, apareceu no dia seguinte em cima de uma árvore do recinto, apesar da porta ter ficado fechada toda a noite, e ainda o permanecer naquela altura!
 Imediatamente foram chamar pelo reverendo pároco, mesmo antes de colocar uma escada para descer o santo de lugar tão arejado. Apareceram todas as pessoas do lugar para ver o sucedido. Aquilo era obra de algum malandro! Só não entendiam o facto do dito meliante não ter roubado a imagem, pois era de grande valor. Seria uma brincadeira de mau gosto? Quem é que teria a chave da porta, para a abrir e tornar a fechar? Uma certeza tinham: o autor de tal obra não era homem de grande fé ou respeito!
 Depois de descerem o pobre do S. Bento do altar improvisado, de o terem recolocado no altar principal, que era seu por direito de padroado, todos se ajoelharam para desagravar o ultraje. E lá foram aos seus afazeres, comentando o triste episódio, não sem antes terem mudado a fechadura da porta, a terem fechado a quatro voltas de chave e conferido a segurança da mesma.
 Mas a surpresa e indignação desse dia passou para a estupefacção e maravilhamento no dia seguinte. Não é que apesar de todos os cuidados do dia anterior, o Santo Padroeiro estava outra vez no cimo da árvore? Depois de terem conferido que a porta ainda se encontrava fechada, e que a chave não tinha sido roubada, não encontravam explicação para o sucedido! Aquilo já dava a entender que era coisa do outro mundo! Mas o que é que podiam fazer? O S. Bento ali estava, e parecia que satisfeito! Não havia outro remédio senão voltar a colocá-lo no seu devido lugar.
 Acontece que a mesma cena se foi repetindo com o passar dos dias! A notícia de tão estranho acontecimento já atraía multidões a Cossourado, sem que os pobres dos habitantes da terra soubessem o que deveriam fazer. Aquilo assim não podia continuar! Estaria o Santo zangado com o povo, não querendo ficar na capela que haviam construído para ele com tão grande sacrifício, preferindo a árvore que dava sombra ao largo? Estavam eles na discussão das razões das saídas do santo, quando alguém reparou que talvez fosse por a capela ter pouca luz ou a porta não deixar entrar o ar, por ser toda fechada, ou ainda porque não permitia ao Santo dar uma olhadela a quem passava no caminho. Um outro acrescentou que, de facto, a porta era demasiado fechada, não deixando até que os devotos, quando por ali passavam, olhassem para o Santo a pedir algum favor!
 Por muito tempo discutiram sobre o assunto, até que resolveram mandar fazer uma porta gradeada para a capela, e que fosse bastante aberta, apesar de impedir a entrada de qualquer animal, para que não faltasse o respeito devido. Feita a dita porta e colocada nos umbrais da capela, esperaram pelo dia seguinte para ver qual a reacção de S. Bento.
 Nesse dia, logo de madrugada, acorreram todos à capela, e qual não foi o seu espanto ao verificar que, de facto, o Santo, pela primeira vez, havia permanecido no belo altar que lhe haviam dedicado!
 Conta-se que a partir daquele dia o Santo nunca mais saiu e, por isso, deram à capela e ao local o nome de “S. Bento da Porta Aberta”.

Source
CAMPELO, Álvaro Lendas do Vale do Minho , Associação de Municípios do Vale do Minho, 2002 , p.145
Place of collection
Cossourado, PAREDES DE COURA, VIANA DO CASTELO
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography