APL 776 Lenda do santo que fugia
Entre Rio de Ades e Guedieiros, onde há uma ponte romana num sítio isolado, havia antigamente a capelinha de S. Marcos, que depois foi transformada num palhal e hoje está desfeita.
Contavam os antigos que nessa capelinha estava o S. Marcos, feito de pau, por quem o povo tem muita devoção. E que às vezes as cheias do rio Távora chegavam até à capela e levavam o santo para fora dela.
Então as pessoas passavam lá e, ao verem o santo a nadar à tona da água, pegavam nele e levavam-no para a capela de Guedieiros. Só que, por qualquer milagre que ele fizesse, o certo é que o santo ia sempre aparecer de novo na capelinha junto ao rio. Era aí que ele se queria. E, claro, o povo deixava-o lá estar.
Passados tempos, voltavam as cheias, e a água voltava a trazer o santo para a rua. Então as primeiras pessoas que lá passavam, ao voltarem a ver o santo a nadar à tona, voltavam a levá-lo para a aldeia. E ele, logo a seguir, voltava para a capelinha.
Isto aconteceu umas poucas de vezes, até que a capela se transformou em palhal e, a partir daí, o santo já não voltou para lá. Às tantas, foi ele mesmo que não quis ir.
- Source
- PARAFITA, Alexandre Património Imaterial do Douro - Narrações Orais (contos, lendas, mitos) Vol. 1 , Fundação Museu do Douro, 2007 , p.183
- Year
- 2007
- Place of collection
- Sendim, TABUAÇO, VISEU
- Collector
- Alexandre Parafita (M)
- Informant
- Maria Laura Pereira (F), 57 y.o., Sendim (TABUAÇO),