APL 1308 Lenda de Santo Amaro da Ribeirinha

The image was found inside a box brought by the sea. The priest took the saint to the parish church, but it rolled down the rocks and would be found in a grotto among them, again and again. The saint was then seen at night as a man by an old woman and he confides to her: “In the church there is St. Peter, that is where he belongs. But I am St. Amaro, a hermit, and it is on the rock that I want a chapel”.

Na freguesia da Ribeirinha, na Terceira, andavam, há muitos anos atrás, uns homens a pescar na rocha. Estavam ali parados a ver e o peixe picava a isca e aperceberam-se que, trazida pela corrente do mar, vinha uma caixa que acabou por encalhar nas pedras. Com grande curiosidade, puxaram-na para lugar mais seguro e ficaram espantados com o que viram lá dentro: era a imagem de Santo Amaro.
 Já não pensaram mais na pesca, foram logo dizer ao padre o que lhes tinha acontecido e levaram a imagem para a igreja.
 No dia seguinte, quando o padre chegou para dizer missa, deu por falta da imagem de Santo Amaro. E procura daqui, procura dali, até que a foram encontrar num buraco da rocha. Voltaram a trazê-la para a igreja paroquial, mas no outro dia aconteceu o mesmo. As pessoas ouviam o santo rolar pela ribeirinha e diziam:
 — Aí vai Amaro abaixo!
 A tia Eugénia da Cruz, que não tinha azeite para se alumiar e aproveitava para fiar à luz da lua, no balcão, via todas as noites o santo fugir. Uma vez encheu-se de coragem e perguntou-lhe:
 — Ó Santo Amaro, dizei-me a razão por que fugis do lugar onde estão tantos santos de respeito.
 A imagem, que se transformava num velho para fugir, disse-lhe assim:
 — Lá em cima, na igreja, é a casa de S. Pedro, o pescador que foi papa e, lá na rocha, eu, que fui um frade pobre, é que devo estar, até me fazerem uma ermida.
 Dizendo isto, continuou o seu caminho e, na manhã seguinte, a tia Eugénia da Cruz foi contar ao padre o desejo de Santo Amaro.
 As pessoas juntaram-se e construíram uma ermida, perto do nicho em que Santo Amaro queria estar. Aí ficou e os milagres foram tantos que, no dia de Santo Amaro, as pessoas vinham de toda a ilha em grande quantidade, ofereciam, e ainda hoje oferecem, pães de massa sovada ou de alfenim com forma de pernas, pés, braços ou outras partes do corpo das quais ficaram curadas.

Source
FURTADO-BRUM, Ângela Açores: Lendas e outras histórias , Ribeiro & Caravana editores, 1999 , p.137-138
Place of collection
Ribeirinha, ANGRA DO HEROÍSMO, ILHA TERCEIRA (AÇORES)
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography