APL 3549 A Fonte da Moura de S. Julião

Na aldeia de S. Julião, concelho de Bragança, havia uma fonte conhecida como a “Fonte da Moura” e também lhe chamavam “Fonte de Cima da Trembla”, pois situava-se no cimo de uma lameira com esse nome.
    Dizem as pessoas de idade que à meia-noite era costume ouvir-se ali tecer um tear. E que numa madrugada de S. João, uma mulher foi à fonte e entrou-lhe a ponta de um cordão para o cântaro. Ela pegou nele e começou a dobar até fazer um novelo grande, tão grande que já não lhe cabia nas mãos. E como só com muita dificuldade conseguia dobar mais, resolveu partir o cordão.
    Nesse mesmo instante o novelo desapareceu-lhe das mãos, e ouviu uma voz que disse:
    — Marota, que me encantaste para toda a minha vida!
    E o tear então nunca mais se ouviu. Dizem que a voz era de uma moura encantada. Se a mulher não tem partido o cordão, a moura teria aparecido na figura de serpente e não fazia mal a ninguém. Bastaria que a mulher lhe tivesse deitado um pouco de saliva na cabeça para ela ficar desencantada e em figura de uma jovem muito bonita.
    E traria com ela toda a sua riqueza.

Source
PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros , Gailivro, 2006 , p.217-218
Year
2000
Place of collection
São Julião De Palácios, BRAGANÇA, BRAGANÇA
Informant
Raquel Lasalete Vaz Rodrigues (F), 52 y.o.,
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography