APL 406 O Caso da Cobra

Diz-se que certa vez uma rapariga adoecera. A sua doença era tão estranha que nenhum médico conseguiu descobrir qual o mal que a havia atingido e qual o melhor remédio para tal aflição. O pai da rapariga, um respeitável médico de Setúbal, já pensava em desistir quando lhe falaram da bruxa de Arruda dos Vinhos. A princípio ficou desconfiado e não deu importância a uma solução tão contrária aos seus princípios de médico. Mas, depois, lembrou-se do adágio popular, “Quem precisa corre tudo”, e pensou que nada perdia se fizesse mais uma tentativa para curar a sua amada filha.
 Mal chegaram a casa da bruxa, esta disse-lhes que curava a rapariga, mas ela teria de permanecer em sua casa por algum tempo.
 A bruxa começou então a agir segundo as suas convicções. Não permitiu que a rapariga comesse durante os dois primeiros dias. Passado este tempo, colocou um alguidar de leite junto da cabeceira da cama, onde a pobre moça repousava. Momentos depois deitou uma cobra pela boca.
 Regressou a casa e nunca mais sentiu os tormentos da terrível doença que a afligiu durante longos meses.

Source
CUNHA, Jorge da Criações do Génio Popular , Associação para a Recuperação do Património de Arruda, 1997 , p.68-69
Place of collection
Arruda Dos Vinhos, ARRUDA DOS VINHOS, LISBOA
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography