APL 3104 O pastor e a cobra

Um pastor que andava por ali [no Castelejo, junto ao S. Lourenço] com as ovelhas via sempre uma cobra. E admirava-se de a ver sempre por ali. Mexia-lhe com um pau e ela estava lá sempre. Até que ela um dia disse:
— Se tu me deixasses dar um beijo, eu fazia-te rico e fazia-te feliz. Mas tens de vir aqui às tantas horas. A meia-noite estás aqui e eu subo por ti acima e dou-te um beijo.
O pastor concordou. Que sim senhor, que ia. Mas quando chegou à altura de a cobra se agarrar por ele acima, dizem que ele berrou, fugiu, e ela que lhe disse:
— Maldito, que dobrastes o meu encanto!
Dizem que era essa mesma moura encantada que se diz que está encantada numa cobra. E que todas as noites de S. João se houve lá o tear tecer de ela trabalhar. E há choros dela.

Source
PARAFITA, Alexandre Património Imaterial do Douro (Narrações Orais), Vol. 2 , Fundação Museu do Douro, 2010 , p.204
Year
2004
Place of collection
Pombal, CARRAZEDA DE ANSIÃES, BRAGANÇA
Informant
Maria Florinda Lopes (F), 73 y.o.,
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography