APL 3766 Lenda do Caúnho

Conta-se que há muitos anos no lugar do Caúnho, em Agrochão, no concelho de Vinhais, ouvia-se um tear a tecer no meio de uma rocha, num monte longe da povoação. Um rapaz, intrigado com o barulho, aproximou-se e viu então uma cobra enorme, com uma grande cabeleira, a qual penteava com um rico pente de ouro e diamantes. A cobra ao ver o rapaz disse-lhe:
    — Se me deres um beijo vou fazer-te feliz. Estou aqui encantada nesta horrível serpente, mas sou uma linda princesa moura. Aceitas dar-me um beijo?
    O moço aceitou. Mas ao aproximar-se sentiu tanto medo que recuou e fugiu. Ela ainda tentou apanhá-lo, mas ele foi mais ligeiro. E nas suas costas ouviu-a dizer:
    — Ah, ladrão, que dobraste o meu encanto!
    O rapaz contou na povoação o sucedido. Outros moços foram lá também, mas nenhum voltou a vê-la. Mesmo assim continua a dizer-se que em certos dias ainda há quem ouça ali o bater do tear.

Source
PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros , Gailivro, 2006 , p.382
Year
2001
Place of collection
Agrochão, VINHAIS, BRAGANÇA
Informant
Antónia da Conceição Gomes (F), 46 y.o.,
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography