APL 1501 Barco
Romanos capturam uma lusitana e procuram que esta atraiçoe o seu povo. Esta recusa-se e é queimada. Nos anos que se seguiram, os gemidos da lusitana ouvem-se no monte em que tal episódio sucedeu.
N’esta freguezia [Barco] se vê um monte em fórma de pico, chamado Argemella, de um kilometro de altura acima do nivel do rio Zezere, que corre entre a raiz d’este monte e a aldeia do Barco. Ao meio da encosta, a distancia de 50 metros uns dos outros, ha tres muros arruinados cercando o monte (que é muito ingreme). No cimo d’elle se veem as minas de um castro, ou acampamento romano, que, segundo a tradição, foi mandado construir por um proconsul, para se defender contra o nosso audaciosissimo Viriato (o antigo).
Está bastante damnificado, não só pelo tempo, mas porque os moradores visinhos vão alli buscar pedra para as suas obras.
É curiosa a tradição sobre a etymologia do nome d’este monte.
Diz ella, que, uma lusitana cahida em poder do romanos, na vespera do seu casamento, foi levada ao dito castro e ahi a quizeram obrigar a declarar a guarida do seu desposado, ao que ella heroicamente se recusou, sendo por isso queimada. Por muitos annos se ouviram gemidos que pareciam vir do monte, e os que os ouviam, diziam: No ar geme ella! e lá ficou ao tal pico o nome de Argemella.
- Source
- PINHO LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Portugal Antigo e Moderno , Livraria Editora Tavares Cardoso & Irmão, 2006 [1873] , p.tomo I, p. 333-334
- Place of collection
- Barco, COVILHÃ, CASTELO BRANCO