APL 820 A bandeira das cinco Chagas

Durante a dominação filipina um primeiro cabo de cavalaria de Elvas prometeu ao capitão que no dia de Corpo de Deus havia de ir a Espanha buscar a bandeira portuguesa. Para isso, o capitão tinha de lhe dar um cavalo, que ele escolheria à sua vontade. Levou meio ano a treiná-lo a galopar pela rectaguarda. Chegado o dia, o l º cabo foi a Badajoz e disse aos espanhóis que tinha de cumprir uma promessa pegar na bandeira das Chagas, no dia de Corpo de Deus. Os espanhóis acreditaram foram buscar a bandeira e deixaram-no pegar-lhe. Quando a tinha nas mãos tocou o cavalo que começou a galopar para trás como tinha sido treinado. Espantados, os espanhóis perguntaram o que era aquilo e ele disse que era mania do animal. Quando já estava um pouco mais longe, virou o cavalo e deu-lhe as esporas. Os espanhóis quando perceberam perseguiram-no. Por isso os portugueses fecharam as portas do forte de Elvas e o 1º cabo não pôde entrar. Deu três voltas ao castelo a espera que as abrissem mas quando viu que não era possível entrar, atirou a bandeira lá para dentro e fugiu. O cavalo rebentou e ele escondeu-se nuns cardos. Mas um pastor, interrogado pelos espanhóis disse onde ele estava escondido. Os espanhóis levaram no e fritaram-no em azeite a ferver. O capitão do forte e toda a família foram mortos.

Source
VILHENA, M. Assunção Gentes da Beira Baixa , Colibri, 1995 , p.95
Place of collection
PROENÇA-A-NOVA, CASTELO BRANCO
Informant
António Dias (M),
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography