APL 3681 Lenda de Moura Morta

Houve noutros tempos um emir que vivia no castro de Cidadelhe e tinha uma criada moura ao seu serviço. Um dia, para tentar obter os favores dos cristãos que eram já muito poderosos nas redondezas, exigiu-lhe que aceitasse receber o baptismo, convertendo-se, desse modo, ao cristianismo. Ela, contudo, recusou. E como castigo, o mouro encerrou-a num cativeiro, acreditando que, pela força, ela cederia aos seus planos.
    Um dia a jovem conseguiu fugir, e lançou-se ladeiras abaixo na direcção do rio Sermanha. O mouro, mal deu por isso, veio em sua perseguição. E quando a fugitiva passou para o lado de cá do rio, já no concelho do Peso da Régua, e porque estava já em terras cristãs, abandonou-a.
    Entretanto, apanhada pelos cristãos, só lhe restavam duas saídas: voltar para trás e entregar-se ao mouro que a perseguia, ou ficar em terras cristãs e converter-se a esta religião.
    Não aceitou nenhuma delas. E lavrou assim a sua própria sentença de morte, sendo abatida pelas lanças dos cristãos. E às terras onde o seu corpo foi deixado sem vida, o povo passou depois a chamar Moura Morta.

Source
PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros , Gailivro, 2006 , p.314
Year
2001
Place of collection
Moura Morta, PESO DA RÉGUA, VILA REAL
Informant
Maria Otília Figueiredo (F), 71 y.o.,
Narrative
When
12 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography