APL 18 Uma sereia terrestre

“Aqui, no alto da serra, no lugar a que chamamos Costa, existem umas pedras altas que os antigos diziam ser habitadas por uma moura, que era metade menina e metade cobra. Era à maneira das sereias, só que as do mar são metade mulher e metade peixe. Esta, como era da terra, era mulher e cobra, porque nas nossas montanhas há cobras.
 As pedras estão a prumo umas com as outras. Há uma fenda, comparada a uma porta de entrada; dentro tem à moda dum altarzinho e mais ao fundo uma pedra chamada “laja” à moda de uma lareira.
 A uns trezentos metros, há uma pedra que diziam ser o sino da moira. É uma pedra bastante alta com um “aguçadinho” no cima. Por detrás dessa há uma maior como uma varanda.
 A moira saía de casa dela e ia tocar o sino para chamar as companheiras. Ficavam ali, na varanda, a “encantar-se”.
 Havia aqui uma senhora chamada Bragança que tinha uns lameiros ao pé. Às vezes, de noite, ia deitar a água e dizia que a ouvia cantar e que cantava como uma “sereia”.
 Os meus avós já falavam neste “encanto”.

Source
CAMPOS, Beatriz C. D. Tarouca, Folclore e Linguística , Câmara Municipal de Tarouca / Escola Preparatória de Tarouca, 1985 , p.14
Place of collection
Vila Chã Da Beira, TAROUCA, VISEU
Informant
Manuel Meireles (M), Vila Chã Da Beira (TAROUCA),
Narrative
When
20 Century, 80s
Belief
Some Belief
Classifications

Bibliography