APL 2517 [A promessa feita ao Santo]

É assim, diz-se que grassava a peste por muitas localidades e a cidade de Faro fez uma promessa a um Santo Padroeiro, que era o Santo Tomás de Aquino, para poupar a cidade á peste. E então a cidade foi poupada e ficou com a promessa de fazer, de agradecer ao Santo, uma estátua.
 Quando o D. Francisco Gomes de Avelar foi Bispo do Algarve (que é aquele que tem uma estátua no largo da Sé em frente ao seminário) tomou conhecimento dessa dívida que a cidade de Faro tinha com o Santo Tomás de Aquino, padroeiro, mandou fazer uma estátua em Itália a um escultor muito conhecido na altura que era o Fábri em mármore (mesmo mármore italiano) e então o escultor fez e nessa altura a estátua veio para cá, para Faro, para ser posta, onde está hoje que é no Largo da Vila junto ao jardim Manuel Bívar.
 Quando os operários iam para levantar a estátua para a pôr lá em cima, no nicho não conseguiam levar a estátua. Tentaram uma vez, tentaram outra, tentaram 6 vezes. Até que a certa altura o bispo vai ao pé da estátua, diz-lhe um segredo ao ouvido e os operários pegaram nela e conseguiram por a estatua que esta lá hoje no nicho (uma estátua pequenina).
 E isto mostra que o povo considerava o D. Francisco Gomes de Avelar assim um santo. E diz-se que ele era uma pessoa muito atenta aos outros. Ele morava numa casa de primeiro andar, que foi a primeira casa de primeiro andar que havia em Faro, e não foi por ostentação, não foi por ele ser mais que os outros. Diz-se que ele mandou fazer um primeiro andar onde ele morava, porque ia lá acima ao primeiro andar e olhava (naquela altura a vila era tudo casas térreas) e tinha uma visão geral da terra, da localidade e então onde ele visse fumo não se preocupava, onde não visse fumo mandava distribuir pão porque era sinal que as pessoas não tinham pão para comer. Portanto isto mostra o sentimento de solidariedade que ele tinha para as pessoas que mais precisavam.