APL 1302 O Menino do Coro e a sineira da Sé

Lá pelo século dezassete a Sé de Angra, um templo tão grande para a época que raramente se enchia, era servida por um grande número de pessoas, desde as cinco alta dignidades, passando por cónegos, capelães, curas, porteiro, sineiro, até aos mimosos meninos do coro.
 Num certo dia de festa, um mestre de capela, por qualquer razão, queria castigar um dos meninos. A criança ficou amedrontada, fugiu e subiu a uma das altas torres da Igreja da Sé. Sentindo-se perseguido, sem lugar onde se esconder, e, como estava desorientado do muito medo, não viu outra solução: atirou-se da mais alta sineira.
 Milagrosamente nenhum dano lhe aconteceu.
 A torre era muito alta, o vento apanhou-o pela opa vermelha e levou-o nas suas asas.
 O convento das religiosas de Nossa Senhora da Esperança ficava à distância de muito mais de três largas ruas, do outro lado da Rua da Sé.
 Foi sobre o telhado desse convento que o vento pôs o menino do coro são e salvo.
 O pai da criança, em sinal de agradecimento por o filho ter saído ileso de tão arriscada viagem, ofereceu à Sé de Angra uma imagem de Santo António em traje de menino do coro. Esteve exposta à veneração dos fiéis num dos altares da Sé e passou ao tesouro da Catedral angrense.
 O menino do coro, que um dia voou nas asas do vento, cresceu e foi, anos mais tarde, um bom eclesiástico.

Source
FURTADO-BRUM, Ângela Açores: Lendas e outras histórias , Ribeiro & Caravana editores, 1999 , p.130
Place of collection
Angra (Sé), ANGRA DO HEROÍSMO, ILHA TERCEIRA (AÇORES)
Narrative
When
17 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography