APL 3416 Remédios (Nossa Senhora dos) 2

Segundo a tradição, o motivo que levou o padre Simão a edificar este templo, e dedical-o a Nossa Senhora dos Remedios foi o seguinte:
    O logar onde hoje vemos a egreja, era triste e solitario, e, nem pastores, nem caminhantes se atreviam a passar por alli de noite, porque lhes appareciam medonhos phantasmas que os aterravam, pois que as bruxas e duendes vinham qui fazer as suas reuniões (sabbaths) por ser uma encrusilhada das estradas que vem da Aldeia do Bispo, para a Povoa de Milleu, e da referida, para o Sabugal. Alem disso era o sitio um emaranhado mattagal, habitado por animaes ferozes de varias especies.
    Feita a egreja, e destruidos os mattos a uma grande distancia em redor, ficou o sitio limpo e alegre, e nunca mais alli foram vistos os taes phantasmas.
    Esta egreja pertence á freguezia da Sé, cujo parocho apresentava o capellão.
Instituiu-se logo uma irmandade, que mandava aqui, em todos os primeiros sabbados de cada mez, dizer uma missa pelas almas dos irmãos vivos e defuntos.
    Conta a tradição, que no primeiro sabbado de agosto de 1696, estando o padre Francisco da Guerra, natural da cidade e capellão da Senhora, para dizer missa, viu-se que não havia agua. Um dos confrades da irmandade, que tinha uma enxada na mão, disse:
– «Se a Senhora quizesse, bem podia fazer aqui rebentar uma fonte» e cavando no chão, logo á segunda cavadella nasceu um manancial de agua perenne, e é a que está no alpendre.

Source
PINHO LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Portugal Antigo e Moderno , Livraria Editora Tavares Cardoso & Irmão, 2006 [1873] , p.Tomo VIII, p. 124
Place of collection
Guarda (Sé), GUARDA, GUARDA
Narrative
When
17 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography