APL 287 Lenda da nossa senhora das boas novas

Como é do conhecimento geral, as tropas Napoleónicas invadiram Portugal por três vezes. Assim, em 1810 Portugal foi invadido pela segunda vez. Os franceses ocuparam o Centro do país e instalaram o seu quartel em localidades próximas de Viseu. O Sobral, pequena e rústica aldeia, não escapou aos franceses que por onde passavam, deixavam um rasto de destruição, violência e sangue.
 O povo do Sobral tendo conhecimento das atrocidades cometidas pelos franceses e receando a morte, refugiava-se nas minas que se encontravam espalhadas pelas terras. Aí permaneciam durante dias e dias, vivendo na escuridão, passando fome e privações.
 Segundo a lenda os franceses ao chegarem ao Sobral não encontraram ninguém -  tudo estava deserto. Procuraram, procuraram e nada. Um deles gritava em voz alta:
 - Aqui não há ninguém! Mas onde se meteram os malditos?
 Foi então que apareceram das estradas para as minas e, pensando que as pessoas se tinham escondido nesses locais gritavam tentando enganá-las:
 - Ó Maria anda embora que já se foram os franceses!
 Os refugiados assustados e aterrorizados, não atendiam a chamada e mantinham-se calados como se ali não houvesse ninguém. Perante tal silêncio os franceses davam meia volta e continuavam as suas buscas. Por vezes, olhavam para algumas minas, mas como as viam tecidas de teias de aranha diziam:
 - Aqui não há ninguém! Apenas existem teias de aranha!...
 Entretanto dentro das minas os refugiados completamente desesperados murmuravam:
 - Há tanto tempo que aqui estamos!...
 - É verdade. Quanto tempo ainda aqui ficaremos? - Questionavam alguns.
 - E se rezássemos a Nossa Senhora para nos ajudar? - sugeriu alguém.
 - Sim - concordaram os outros. - Só Ela nos pode valer.
 Sentiram que, naquele momento, rezar era a única esperança que lhes restava e, por isso, pediram à Virgem as boas novas.
 Foi então que, em resposta ao seu apelo, passado pouco tempo um milagre aconteceu: à boca da mina, um raio de luz cintilante e dourado anunciou-lhes o fim da guerra.
 Eternamente grato a Nossa Senhora, o povo do Sobral elegeu-A sua padroeira, dando-lhe o nome de Nossa Senhora das Boas Novas.

Source
ALVES, Maria da Piedade Lopes Memória e Tradições , DREC - CAEV coord. concelhia de Carregal do Sal, 1995 , p.28
Place of collection
Sobral De Papízios, CARREGAL DO SAL, VISEU
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography