APL 2257 A Parteira das Moiras
A bisavó do meu pai assistia aos nascimentos dos filhos das mouras.
Depois de assistir a um parto, o mouro que a tinha ido chamar deu-lhe lenha para ela se aquecer, quando chegasse a casa, pois estava muito frio.
Ela colocou a lenha na cesta, mas muito contrariada, pois tinha em casa muita lenha, e a meio do caminho deitou a lenha fora.
Quando chegou a casa viu com grande espanto que no fundo da cesta havia bocadinhos de lenha transformados em ouro. Voltou logo para ir buscar a lenha, mas já não a encontrou, pois o mouro, que já calculava que ela a deitava fora, tinha ido atrás dela.
Doutra vez, mandaram-na lavar a cara. Ela achou muito estranho e só tocou com uma das mãos na água e só lavou metade da cara. Um ano depois encontrou o marido da moura numa feira de Gavião e procurou-lhe se o filho estava bem. Então o mouro mandou-lhe fechar um olho e perguntou-lhe se ela o conhecia e ela disse que não; depois mandou-lhe fechar o outro e ela disse logo que o conhecia. O mouro logo com uma faca tirou-lhe o olho, que ela não tinha lavado, para ela não o conhecer.
Doutra vez a bisavó do meu pai foi chamada a casa de uma moura, onde hoje se chama o Buraco da Moura. E uma queda de água muito grande. A água abriu-se para ela passar. Dizia-se que todas as pessoas que lá caíssem morriam e lá dentro havia uma casa muito bem posta.
- Source
- VASCONCELLOS, J. Leite de Contos Populares e Lendas II , por ordem da universidade, 1966 , p.746
- Year
- 1968
- Place of collection
- MAÇÃO, SANTARÉM
- Collector
- Paulo Caratão Soromenho (M)
- Informant
- Olinda Vitorino Gueifão (F), 16 y.o., MAÇÃO (SANTARÉM),