APL 3699 Lenda do Bezerro de Ouro

Há no termo do Felgar [concelho de Torre de Moncorvo], num sítio adonde é que chamam Olhadela, do lado de cá do rio, o castelo dos mouros. Ainda lá estão restos. E, nesse castelo, dizem que está um bezerro de ouro encantado. Já lá foram vários para tirar aquilo [o Diabo], mas aquilo não sai.
    Diz que só saía à meia-noite, indo lá um gaijo, que seja padre, a dizer missa. Ora, havia ali um no Felgar, que tinha sido ordenado há pouco tempo, e veio aqui a Carviçais, ao Padre Tavares, a pedir os hábitos de padre, e o Padre Tavares emprestou-lhos. Depois, uns dez ou doze gaijos juntaram-se e foram lá com ele a dizer a tal dita missa.
    Formaram lá um altar e puseram-se então a dizer a missa. Às tantas, começaram a sentir barulho, e um dos fulanos, que lá estava a assistir à missa, disse p’ró gaijo que era padre:
    — Ó Cacinho [Acácio], o vitelo já urra!
    Conforme ele disse aquelas palavras, alevantou-se tamanha ventaneira… uns foram ter aqui, outros foram ter ali, outros salvaram o rio, e ninguém ficou lá. Só se encontraram ao outro dia, um aqui, outro ali, outro além, sem saberem p’ronde é que vieram nem p’ronde é que não vieram. Nenhum deles soube o caminho que tomou.

Source
PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros , Gailivro, 2006 , p.330
Year
1999
Place of collection
Felgar, TORRE DE MONCORVO, BRAGANÇA
Informant
António dos Santos Dias (M), 65 y.o.,
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography