APL 2757 As luzes das almas
Na aldeia de Agrochão, Vinhais, em certas noites aparecem no lugar do “Souto” umas luzes que o povo diz serem almas de vizinhos falecidos há pouco, e que andam por ali a penar. Quando os trabalhadores saem para os campos, ainda de noite, as luzes acompanham-nos. Alguns, mal chegam à saída da povoação e vêem as luzes, costumam dizer:
- Andam as luzes no “Souto”. Já não vou!
E regressam a casa. Diz-se também que tem havido pessoas mais corajosas, a quem morreu recentemente um familiar ou amigo, que se metem ao caminho a meio da noite para irem ter com as luzes, procurando saber se são ou não a alma desses mortos e oferecendo a sua ajuda.
Ao chegarem próximo de uma das luzes, perguntam:
- Se és uma alma penando e se eu te posso ajudar, diz o que queres!
Quando se trata da alma de alguém conhecido, segundo a nossa informante, ouve-se então uma voz que enuncia as promessas que deixou por cumprir em vida, e que são, habitualmente, missas, velas e dívidas em dinheiro com a igreja ou com pessoas da povoação.
Por fim, essas promessas são pagas e as luzes desaparecem.
- Source
- PARAFITA, Alexandre O Maravilhoso Popular - Lendas, contos, mitos , Plátano Editora, 2000 , p.71
- Place of collection
- Agrochão, VINHAIS, BRAGANÇA
- Informant
- Manuela Gândara (F), born at Agrochão (VINHAIS),