APL 2028 A Lenda da Moura Floripes

As pessoas diziam que aparecia uma senhora, toda vestida de branco com os seus cabelos loiros compridos, numas ruas muito estreitinhas da cidade de Olhão. Quem a via eram os pescadores que, de madrugada, saíam para ir para o mar trabalhar. Existem vários relatos de pescadores que a viam, mas nunca chegavam a falar com ela, porque a receavam. Conta a lenda que, houve um pescador que chegou a falar com ela a perguntar-lhe o que lhe tinha acontecido e o porquê daquelas aparições. Ela respondeu que tinha sido encantada pelo pai, que era mouro. Quando os mouros tiveram que fugir do Algarve, encantaram as suas filhas antes de se irem embora. A moura revelou que só havia um modo de alguém a desencantar: alguém tinha que ir com ela a um sítio de barco para o qual ela ia orientando e a pessoa tinha que levar duas velas acesas até lá chegar. Se chegasse ao local esperado com as velas acesas, a moura perdia o encanto e a pessoa ganharia uma fortuna; se não chegasse ao local esperado ou chegasse com as velas apagadas, o barco se afundaria, a pessoa morreria afogada e o encantamento da moura continuaria.
O pescador, depois de ouvir aquilo, foi-se embora e não aceitou aquela tarefa.
Não houve nenhum pescador que quisesse correr tais riscos, por isso a moura continuava encantada. A pobre moura continuou a aparecer durante muito tempo naquelas ruas muito estreitas. Conta a lenda, que nunca chegou a perder o encanto.

Source
AA. VV., - Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas) , n/a,
Year
2005
Place of collection
Olhão, OLHÃO, FARO
Collector
Cláudia Santos (F)
Informant
Maria Ermelinda Garrana (F), 77 y.o., born at OLHÃO (FARO),
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography