APL 1798 A Zorra Berradeira
Morreu o pai e a mãe. E tinham uma quantidade de filhos (não precisa de dizer a quantidade). Depois, foram partir as terras que o pai tinha. E, então, como foram partir as terras, o que aconteceu foi que um, depois de ter a parte dele, foi, levantou-se de noite e foi arrancar os marcos que todos tinham posto para dividir as terras e acabou por…
Um alevanta-se de noite e foi atachar os marcos outra vez, tirando um pedaço de terra [do irmão] para ele do irmão. E depois o que aconteceu? Foi que morreu, morreram todos, e esse que tirou a terra morreu e, depois, como ele morreu, a alma dele foi sofrer andando pelas partilhas que tinham feito. E de outros, não eram só as dele, aparecia pelas partilhas que tinha tido e tinha sido castigado (?), porque tinha ido roubar a terra aos (…) irmãos (…). E depois, o que aconteceu? Aparecia em todo o lado, em todas as partilhas.
E aquilo era… Chamavam-lhe a zorra berradeira, porque aquilo dava uns berros como uma zorra. E as pessoas ouviam aquilo, não sabiam o que era. Mas houve um qualquer que baptizou aquilo por a [com o nome de] Zorra Berradeira. (Não era a Zorra Berradeira, mas era a alma da pessoa humana. E, depois, as pessoas de fora diziam que era a Zorra Berradeira, era uma alma perdida (…).
- Source
- AA. VV., - Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas) , n/a,
- Year
- 1998
- Place of collection
- Monchique, MONCHIQUE, FARO
- Collector
- Carla Barão (F)
- Informant
- Inácio Costa (M), 84 y.o., Monchique (MONCHIQUE),