APL 430 Promessas por Pagar

Era uma vez uma mulher que tinha três filhas e depois morreu e a mais nova nunca a conheceu. Quando a mãe faleceu era ela pequenita. Depois criou-se e casou-se.
 Depois de casada saía para os serviços do campo com o marido. Iam à sua vida; como se sabe, muitas vezes não tinha tempo de arrumar as coisas em casa, mas quando chegava tinha tudo arrumado. Como deixava a sua chave escondida isso causava-lhe muita confusão. As primeiras vezes não dizia nada a ninguém e com muito medo. Acabou por deixar a sua chave a uma vizinha mas tornou a encontrar precisamente o mesmo.
 E já não comia, doente de tanto pensar quem entraria em sua casa.
 Então resolveu levar a chave no bolso, não contando o segredo a ninguém. Quando chegou a casa encontrou precisamente o mesmo do costume.
 Então cada vez mais doente acabou por um dia contar a uma amiga. Essa amiga disse-lhe que ela não estava boa, por que isso não podia ser.
 Ela de manhã, antes de ir para o serviço chamou essa amiga e mostrou-lhe como deixava a casa e á noite, quando chegou, tornou a chamá-la para ver como estava tudo e então assim consegui fazê-la acreditar.
 Estendia um alguidar de roupa no arame antes de abalar, quando a roupa estava enxuta os vizinhos viam a roupa a sair do arame e a dobrar-se...
 E então tudo acreditava porque tudo já via. Mas não sabiam quem era que de lá a tirava porque não viam a pessoa.
 Continuou cada vez mais doente e o marido a ir com ela ao médico, mas não conseguiram curá-la, que ela cada vez imaginava mais.
 Mas depois de tanto gastarem resolveram ir a um soldador, e esse soldador ensinou-lhes umas orações e disse-lhe que era uma pessoa que queria falar com ela e que não tivesse medo e que rezasse essas orações, que essa pessoa falaria para ela e que daí em diante ficaria a vê-la.
 Ela assim fez. Veio para sua casa e rezou. Apareceu-lhe uma luz que parecia vir baixando do céu aonde lhe veio a dizer que era a sua mãe. Era uma promessa que tinha prometido; e daí em diante falava com a mãe as vezes que queria. As manas tinham ciúmes e ela sabia o que era, não tinha medo.
 E então se ficou sabendo que a mãe era santa.

Source
S/A, . Lendas e Outras Histórias , Escola Porfissional da Região Alentejo / Núcleo de Dinamização Cultural de Estremoz, 1995 , p.49-51
Place of collection
ESTREMOZ, ÉVORA
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography