APL 425 Lenda do Pego do Sino

A cinco quilómetros de Évora-monte, na ribeira de Tera, está o Pego do Sino.
 É um local estranho, que causa profunda impressão pelas suas negras penedias, que mais parecem muralhas a barrar o caminho aos destemidos, a fechar-se sobre eles, como se a Natureza se sentisse ofendida por irmos ali devassar a sua intimidade.
 Depois, é aquela cova imensa cheia de água, de que se não vê o fundo e nos faz tremer de pensarmos de que se cairmos nela ninguém no poderá de lá tirar e ali ficaremos presos nos lodos do seu fundo onde têm perecido tantos jovens que nelas se atrevem a mergulhar.
 Já ali se têm encontrado pedras antigas dos mouros (leia-se dos romanos) com inscrições.
 Pela Primavera, quando há sol e os pássaros cantam, o local tem outra cara. Uma cara menos zangada, mas ainda assim respeitável. 
 Na noite de S. João, à meia-noite ouvem-se ruídos estranhos, como um repicar de sinos, como gritos de almas atormentadas. Ao mesmo tempo, vêem-se luzinhas a brilhar por entre os penhascos, como olhos de alguém, reflectindo espanto, angústia e, ao mesmo tempo, suplicantes. Diz o povo, que são almas errantes, penando por pecados graves que cometeram em vida. Outros, invocam mouras encantadas à espera do cavaleiro ou príncipe que venha libertá-las.
 É um lugar de temor, de piedade e de curiosidade que estimula a imaginação do povo sempre ávido de tudo o que o transcende, de tudo o que toca a fronteira do invisível. 

Source
S/A, . Lendas e Outras Histórias , Escola Porfissional da Região Alentejo / Núcleo de Dinamização Cultural de Estremoz, 1995 , p.35-37
Place of collection
Évora Monte (Santa Maria), ESTREMOZ, ÉVORA
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography