APL 1413 Pudim de Feijão dos Frades do Convento da Horta
Em tempos muito remotos, havia uma família rica e distinta que tinha um filho, muito senhor de si, determinado e apaixonado. Não se queria subjugar à vontade do pai, nas suas relações amorosas, como era hábito no tempo. Quando chegou a altura, rejeitou casar-se com a noiva que a família lhe tinha escolhido, entre as raparigas da sua estirpe social e que havia de trazer consigo um dote gordo para engrandecer os bens da família.
O pai não se conformou e, já que o filho não queria casar com a noiva que lhe tinha escolhido, não casaria com mais ninguém. Obrigou-o a encerrar-se num convento e a fazer-se frade.
Passado algum tempo o dito rapaz, filho daquela família rica, veio ter a um convento da Horta. Como estava habituado à comida da sua casa, da sua cozinheira, sentia, por vezes, muita falta das iguarias que tinha comido em criança. Lembrava, frequentemente, os doces que a sua cozinheira fazia de propósito para o seu menino e, nesses momentos, não conseguia evitar um suspiro de saudade.
Uma certa vez o jovem frade recebeu uma encomenda dos pais. Trazia amêndoas, cidrão, outras frutas cristalizadas ou passadas e mais comidas menos perecíveis.
Não resistiu à tentação, foi para a cozinha e tentou lembrar-se de como as suas criadas faziam os doces. Juntou açúcar, massa de feijão branco, ovos, cidrão, amêndoa e fez um grande pudim que cozeu no forno de lenha do convento. Quando ficou pronto, o jovem religioso e demais confrades deliciaram-se com o pudim inventado.
A partir de então passaram a fazê-lo, no convento, com alguma regularidade, nos dias de festa. Mais tarde a receita atravessou as paredes do convento e a população da Horta começou a confeccionar o saboroso pudim. Ainda hoje é um doce muito característico do Faial e ainda se dá pelo nome de Pudim de Feijão dos Frades do Convento da Horta.
- Source
- FURTADO-BRUM, Ângela Açores: Lendas e outras histórias , Ribeiro & Caravana editores, 1999 , p.259
- Place of collection
- HORTA, ILHA DO FAIAL (AÇORES)