APL 1252 A Bela Eufémia
Eufémia era uma das quinze filhas do rei Atlas e neta do Deus Júpiter. Como jovem muito, boa e de beleza invulgar inspirou os mais afamados estatuários do seu tempo e enamorou os dez filhos do rei Neptuno.
Eufémia, possuindo uma grande elevação de espírito, desprezou a condição terrena que lhe ofereciam e preferiu tornar-se uma estrela da constelação das “Myades”, suas irmãs. Mesmo assim continuou a apreciar o bem e a doutrina pregada por Jesus foi-lhe transmitida por um Querubim, que lhe pôs na alma o desejo de voltar à terra para espalhar a paz e a harmonia.
O desejo de Eufémia acabou por realizar-se e veio habitar na ilha das Sete Cidades, onde foi tomada e amada como filha de um riquíssimo príncipe, mantendo-se jovem, bela e bondosa.
A presença benfazeja de Eufémia fez-se sentir logo que chegou à terra. Nos banquetes os convivas eram deliciados com música de cítaras e flautas e comiam-se as mais divinas iguanas. A partir de então o sofrimento e a miséria desapareceram dessa ilha de encanto e passou a dominar a alegria e a paz.
Num dia calmo de Outono, no dia de S. Cosme, famoso médico árabe e patrono dos médicos, Eufémia apareceu metamorfoseada numa planta. Dessa planta; que abunda nos matos da freguesia das Sete Cidades, se prepara um chá que é bálsamo para todas as dores e que tem o condão de defender as pessoas de todos os infortúnios.
Já passaram quase dois mil anos desde que Eufémia se estabeleceu na terra, mas ainda continua espalhando o bem e é por isso que a paz impera nas Sete Cidades, em S. Miguel, e quem aí vai não pode deixar de se sentir inebriado pela tranquilidade do ambiente paradisíaco.
- Source
- FURTADO-BRUM, Ângela Açores: Lendas e outras histórias , Ribeiro & Caravana editores, 1999 , p.76-77
- Place of collection
- Sete Cidades, PONTA DELGADA, ILHA DE SÃO MIGUEL (AÇORES)