APL 144 As pegadas da burrinha
Ao lado da Ermida da Senhora do Barrocal, ainda hoje se vêem, a sul, sobranceiros à povoação do Carvalhal das Romãs, os restos duma pequena fortaleza dos tempos que já lá vão.
E no cimo dum penedo, há uns sinais que lembram as pegadas dum animal. O que á aquilo? Diz a lenda, transmitida de pais para filhos, que são as pegadas da burrinha de Nossa Senhora.
Quando o rei Herodes quis matar o Menino, São José e Nossa Senhora fugiram de Belém e acompanhados pelas estrelas, andaram, andaram até chegaram onde fica hoje a Senhora do Barrocal, depois deterem passado por São Bento e Paradaia.
Aqui e acolá as perdizes, ao levantar voo, quase que espantavam a burrinha. E os soldados de Herodes seguindo as pegadas do animal, nos seus cavalos fogosos, não deixavam de os procurar para matar o Menino. A galinhola, porém, encarregava-se de apagar os sinais da passagem. Até que os soldados enxergaram a Sagrada Família, e, correndo, julgavam ter a presa nas mãos. Mas não o conseguiram. A burrrinha deu um salto sobre o abismo, todos foram acolhidos na fortaleza e os sinais das ferraduras do animal, quando deu o salto, ainda hoje lá continuam.
É a lenda das pegadas da burrinha de Nossa Senhora.
Nossa Senhora não veio para tão longe. Mas que por ai se esconderam os nossos antepassados, em horas más, isso é aceitável e quase certo.
- Source
- SOUSA, Albano Martins de Terras do Concelho de Sátão , Câmara Municipal do Concelho de Sátão, 1991 , p.346
- Place of collection
- SÁTÃO, VISEU