APL 3646 O pequeno pastor e a moura

Diz a lenda que, numa enevoada manhã de S. João, um pequeno pastor, que guardava o gado lá para as bandas dos Palhaços, [na freguesia de Vilar de Ferreiros, concelho de Mondim de Basto] viu uma enorme e estranha luz que quase o cegava completamente. Primeiro tentou fugir, mas como a curiosidade fosse maior que o medo, teve que olhar mais uma vez. Viu então uma linda e rica moura rodeada de tesouros, que o chamava irresistivelmente:
    — Vem cá! Leva todo o ouro que quiseres, mas não contes a ninguém, e, sobretudo, não olhes para trás!
    O pequeno pastor assim fez. Encheu a coirada [Bornal de couro] de ouro e partiu, correndo pelo monte abaixo. Só que, no meio da descida, qualquer coisa mais forte do que ele o obrigou a olhar para trás e ver, uma vez mais, aquela luz maravilhosa.
    Depois de chegar a casa e de ter contado o acontecido, abriu a coirada para mostrar o ouro aos familiares, mas o encanto tinha desaparecido. O ouro tinha-se transformado em escória, ou seja rojões de ferro. Diz-se que, ainda hoje, se encontram muitos espalhados pelo monte, que o pastor deixou cair na sua corrida desenfreada para casa.

Source
PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros , Gailivro, 2006 , p.292
Year
1999
Place of collection
Vilar De Ferreiros, MONDIM DE BASTO, VILA REAL
Collector
Luis Jales de Oliveira (M)
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography