APL 3630 A chave de ouro

Antigamente, a gente era pobre e tinha de ir apanhar a lenha ao feixe. Como havia pouquinha, íamos para muito longe saber dela e tínhamos os pousadoros certos para descansar.
    Um dia deu-nos para chegar ao pé do “Fragão” [um grande penedo situado em Lameirinha], onde os antigos diziam que havia um encanto. Tomámos coragem e fomos ver a frincha do fragão. Vimos então lá uma chave com 60 centímetros de ouro. E chegámo-nos logo à frente a ver se a caçávamos.
    Mas de nada valeu. A chave pôs-se a fugir pela frincha adentro, como se tivesse pernas. E lá mais para os fundos ouvimos alguma coisa a fazer tlim-tlim. Como não vimos mais nada, julgámos que era a chave a tlintar, mas os antigos sempre disseram que ali havia uma tecedeira encantada e que, por isso, o tlim-tlim só podia ser o barulho do seu tear.

Source
PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros , Gailivro, 2006 , p.281
Year
2001
Place of collection
Bouça, MIRANDELA, BRAGANÇA
Informant
Idalina Cabages (F), 73 y.o.,
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography