APL 3666 Lenda de Parafita

Como era costume, no tempo de Verão o gado da casa do Branco, da aldeia de Parafita, concelho de Montalegre, ia para a Franjoseira e para o monte que a rodeava. Certo dia, uma das mulheres desta casa ia então com a rês e com as vacas para o lameiro. E enquanto olhava, ora para a rês ora para as vacas, ia fazendo na meia.
    Estava ela entretida no seu trabalho quando de repente lhe aparece uma moura vinda do Castelo, situado num monte próximo, a pedir leite. A mulher mugiu então uma vaca para um púcaro de barro preto e deu-o à moura. Esta agradeceu e foi-se embora, prometendo trazer-lhe o púcaro no dia seguinte. Ao outro dia, lá lhe apareceu com o púcaro. Mas trazia-o tapado.
    — Aqui tens o púcaro — disse ela. — Mas olha que só o deves destapar amanhã.
    A mulher aceitou essa condição. Porém, quando ia a caminho de casa, não conteve a curiosidade e destapou o púcaro. E viu então que estava cheio de carvões. Aborrecida, deitou-os fora e seguiu caminho.
    Ao chegar a casa, pousou o púcaro e meteu os animais na corte. E no dia seguinte, quando ia para mugir as vacas, ao pegar no púcaro viu que no fundo havia duas libras de ouro. Descobriu então que os carvões da moura eram mas é libras de ouro. Ainda foi procurar os que deitou fora, mas já os não achou.

Source
PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros , Gailivro, 2006 , p.306
Year
2001
Place of collection
Chã, MONTALEGRE, VILA REAL
Informant
Maria Ermelinda Santos (F), 39 y.o.,
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography