APL 1244 O Charco das Moças

Na Covoada havia um pequeno charco que ficava deitado entre montes e ladeado de verdes e calmas pastagens. Ali reinava a tranquilidade e a calma. E era sempre assim a não ser quando chegava a noite de lua cheia.
 Quando essa noite, propícia ao aparecimento de figuras encantadas, chegou, moças de costas abertas ou moças encantadas começaram a lavar nas águas espelhadas de prata, com gestos suaves e cadenciados, as suas roupas brancas. Com lentidão e cuidado, estenderam os seus panos sobre a relva para corarem à luz esbranquiçada da lua.
 Depois de feito o trabalho, foram-se divertir. Os seus pés esguios quase não tocavam o tapete verde que cobria o chão e os seus corpos leves e esbeltos rodopiavam embalados por uma música inaudível e encantatória.
 Esse baile atravessou a noite inteira, até que cansadas, as moças encantadas recolheram as roupas e, rápidas, esvaíram-se ao findar da noite de luar. Ficou o charco mergulhado de novo na paz e no silêncio até à próxima noite de lua cheia.
 E foi devido à aparição dessas moças de costas abertas que o pequeno charco passou a chamar-se Charco das Moças e ainda hoje assim se chama.

Source
FURTADO-BRUM, Ângela Açores: Lendas e outras histórias , Ribeiro & Caravana editores, 1999 , p.69
Place of collection
PONTA DELGADA, ILHA DE SÃO MIGUEL (AÇORES)
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography