APL 3136 O lebisome e o Penedo Macho

Durante o dia não aparecia. Só de noute. Puseram-lhe então aquele nome: Lebisome. Mas podia ser ou podia não ser.
Ora numa ocasião, constou-se que na fraga do penedo macho está um encanto. Subiram então lá dois gaijos, fizeram um buraco à mão para arrebentar a ver se agarravam o encanto. Deram lá um tiro e a pedra partiu mas não caiu. E o encanto não apareceu.
Dizem então que esse tal lebisome, como só andava de noute, resolveu lá ir também a ver se conseguia agarrar ele o encanto. E que pôs uma palanca de pau para arredar a pedra. E quando estava a fazer esse serviço, ouviu uma voz a dizer-lhe:
— O que é que andas a fazer?
— Está aqui um encanto, e a fraga já está partida... Agora a ver se boto esta parte toda abaixo.
E diz então a voz pra ele:
— Não vez que a pedra não cai? É tão forte...! Que é que tu queres? Vai pra casa! Não faças isso!
— Está cá um encanto, carai! E eu precisava do dinheiro…!
— Vai mas é trabalhar, que aqui não há nada, diabo!
E desapareceu. E o homem ficou lá sozinho. Queria ser rico, com certeza.

Source
PARAFITA, Alexandre Património Imaterial do Douro (Narrações Orais), Vol. 2 , Fundação Museu do Douro, 2010 , p.243-244
Year
2010
Place of collection
Carvalho De Egas, VILA FLOR, BRAGANÇA
Informant
António dos Santos (M), 72 y.o.,
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography