APL 2022 [A Farinha]

Também a minha mãe contava-me que havia, naquele tempo… Toda a gente comia papas ao almoço, papas de milho. Uma comida que hoje geralmente é muito raro comer. E então não havia moinho e o que é que as pessoa faziam? Havia umas mozes, (que também para esta juventude é uma coisa mais estranha, muitos não sabem o que é) punham o milho lá dentro e aquilo moía a farinha daquelas mozes. E então ela moeu a farinha para fazer as papas para o almoço. A farinha estava boa. Hoje como é dia santo vou moer logo para amanhã. Amanhã já não tenho que estar a moer a farinha para fazer as papas. Já tenho a farinha moída.
No outro dia, a farinha que moeu que fazer no próprio dia estava boa, aquela que moeu para fazer no outro dia, para fazer as papas, estava a farinha que parecia cinza. Pronto, ninguém sabia explicar o que é que tinha sido. “Ah, pois fiz isto no dia Santo.”
Também nessa casa, nessa família, deixou de trabalhar aos dias santos.

Source
AA. VV., - Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas) , n/a,
Year
2005
Place of collection
Silves, SILVES, FARO
Collector
Cátia Romão (F)
Informant
Maria Esmeraldina Pacheco dos Reis (F), 62 y.o., born at Silves (SILVES),
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography