APL 2451 História da Rega na Quinta-feira Santa
Havia um senhor, chamado António Aurélio, no sítio da Foz de Carvalhoso, que num dia de Quinta-feira Santa quis ir buscar água para regar, regar batatas. E então, passou lá por uns vizinhos que lhe disseram: «Então, hoje que é Quinta-feira Santa é que vais regar?», «Então, hoje é que me calha…». «Então e amanhã não é outro dia?», «É, mas eu amanhã tenho de ir à vila. Tenho de ir fazer um serviço. Hoje é que me convém fazer este serviço que tenho agora para fazer. Eu vou lá buscá-la [a água], a ver se ela vem ou se não vem.». Foi lá, pôs na linha de água, chegou a uma curva não passada nenhuma.
Colector: E nos outros dias passava bem, a água?
Informante: No outro dia que foi buscá-la, fez o regadio todo. E naquele dia, chegou lá a uma curva, não passava água nenhuma. Saía do açude, mas àquela curva não passava água nenhuma. […] Nesse dia foi buscá-la, deixou lá a enxada e veio de chapéu na mão; e no outro dia fez o serviço todo. Esta, então, conheci eu…
Colector: E acha que isso foi por castigo, ou qualquer coisa, que não deu regado as batatas…?
Informante: Então, a água não veio… É um mistério qualquer… Que nos outros dias vinha, e naquele dia, como ele disse «Vamos lá ver se ela vem ou se não vem…», e não veio. No outro dia foi buscá-la, veio.
- Source
- AA. VV., - Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas) , n/a,
- Year
- 2008
- Place of collection
- MONCHIQUE, FARO
- Collector
- Dário Guerreiro (M)
- Informant
- António Pedro (M), 70 y.o.,