APL 1717 As alminhas do caminho largo
Existe ainda um oraculozinho em pedra. Encontra-se situada no fundo do Caminho Largo.
Diz-se que foi ergida ali aquelas Alminhas por um senhor que prometeu fazê-las.
Antigamente, após o toque das Trindades, quase ninguém saia à rua, não gostavam de passar nas encruzilhadas.
E esse senhor tinha acabado uma rega durante a tarde. Já tinha dado o toque das Trindades e ele vinha pelo caminho acima. E ao chegar àquela encruzilhada, encontrou um cordeiro perdido. Pegou nele às costas para fazer um festim ou para dar ao dono, quando ele aparecesse. Cada passo que ele dava, o cordeiro pesava cada vez mais (ele conseguiu andar muito pouco).
Até que chegou a um ponto que ele já não aguentava mesmo com o cordeiro às costas. Acontece que se encostou a um muro, conforme o deitou ao muro ouviu:
- Põe-me devagar, que me quebras a meija.
Ele assustou-se, claro, um cordeiro a falar, coisa que nunca tinha ouvido. Uma encruzilhada, naquele lugar…
Pensou logo que eram almas do outro mundo.
Prometeu erguer ali um oráculo às alminhas se lhe aliviasse o peso; se conseguisse vir para casa.
Quando olhou para cima do muro, o cordeiro já lá não estava. O homem veio-se embora e, pelos vistos, acabou por erguer lá as alminhas.
- Source
- AA. VV., - Literatura da tradição oral do concelho de Vila Real , UTAD / Centro de Estudos de Letras (Projecto: Estudos de Produção Literária Transmontano-duriense),
- Place of collection
- Justes, VILA REAL, VILA REAL
- Informant
- Armanda Felícia (F), 45 y.o., Justes (VILA REAL),